quinta-feira, março 02, 2006

Casos de Sucesso Nacionais - XXXI - Manoel de Oliveira

Cineasta português, nasceu no Porto a 12 de Dezembro de 1908. Estreou-se no cinema como figurante no filme Fátima Milagrosa (1929) e como realizador no documentário Douro, Faina Fluvial (1931). Como actor participou no filme A Canção de Lisboa (1933). A sua primeira longa-metragem, Aniki-Bobó, realizada em 1942, garantiu-lhe um lugar cimeiro no cinema nacional. Trata-se de uma história passada com crianças, de um naturalismo poético muito bem conseguido. Manoel de Oliveira é um precursor do neo-realismo no cinema português. Com O Pintor e a Cidade (1956) obteve a Harpa de Ouro do Festival de Cork, na Irlanda. A obra cinematográfica de Manoel de Oliveira constrói-se à volta do teatro e da representação. Oliveira encara o mundo como um teatro onde as personagens são meras figuras manipuladas por Deus (Acto da Primavera, Benilde ou a Virgem Mãe, O Meu Caso), por paixões (Vale Abraão), por desejos (O Passado e o Presente) e regras de ordem moral ou social (Amor de Perdição, Francisca). Os filmes Amor de Perdição (1978), Francisca (1981) e Le Soulier de Satin (O Sapato de Cetim, 1985) receberam o prémio da crítica do Festival de Veneza, onde Oliveira foi também distinguido com o Leão de Ouro pelo conjunto da sua obra. O filme A Caixa representa um momento culminante da sua visão burlesca do mundo. Party (1996) é outra obra que merece referência. Os mais recentes filmes de Manoel de Oliveira começam com uma espécie de guia que nos conduz para o interior da acção (Os Canibais, O Dia do Desespero, Vale Abraão e A Caixa). A obra de Oliveira representa o grande teatro do mundo e da vida, obsceno, grotesco, violento e criminoso, no meio do qual se manifesta a ternura e a compaixão e onde a única forma de evasão é o sonho. Em 1997, com o filme Viagem ao Princípio do Mundo, Manoel de Oliveira foi distinguido com o Prémio Fipresci, da Academia do Cinema Europeu. Em Cannes, a estreia de Inquietude (1998) confirmou uma vez mais o lugar de destaque do realizador português no panorama cinematográfico mundial. Em 1999 foi atribuído ao seu filme, A Carta, o Prémio Especial do Júri do Festival de Cannes. Em Agosto de 2000 estreou o seu filme, Palavra e Utopia, no Festival de Veneza, com Lima Duarte no papel do velho Padre António Vieira. No mesmo ano, nas universidades de Harvard, Yale e Massachusetts, nos Estados Unidos da América, foram organizadas homenagens ao cineasta português. Manoel de Oliveira recebeu mais um prémio em 2002, o Prémio Mundial das Artes Valldigna, atribuído pelo Governo Regional de Valência, em Espanha. Mantendo-se como o realizador mais idoso ainda em actividade, não deixou de surpreender em Je Rentre à la Maison (Vou Para Casa, 2001), onde proporcionou um grande papel a Michel Piccoli. Seguiram-se O Princípio da Incerteza (2002) e Um Filme Falado (2003), onde reuniu um elenco de luxo composto por Leonor Silveira, John Malkovich e Catherine Deneuve.
© 2004 Porto Editora, Lda.

7 comentários:

Anónimo disse...

Desagradou-me a inclusão do "peneirento" Pedro Abrunhosa num dos seus filmes.
Grande realizador, ou a vã glória de mandar?
Non

Anónimo disse...

Vi ontem um reportagem no Telejornal da SIC sobre o lançamento no FANTASPORTO do seu "último" filme e foi informada que ainda na manhã de ontem tinha acabado de filmar a última cena do seu novo filme que iria para edição já na próxima semana. O único comentário que me apraz fazer é Viva a Vivacidade e Juventude de espirito.

O Bicho disse...

Isto significa que afinal, OS VERDADEIROS ARTISTAS NÃO ESTÃO EM HOLYWOOD.
Só lá aparece um ou outro, de vez em quando nos Óscares, mas a maioria são artistas resultado de produção em massa, ou em série e não passam de Clones de silicone.

O Bicho disse...

Apesar de tudo, em abono da verdade, confesso que - como a grande maioria dos Portugueses - NUNCA FUI AO CINEMA ver um filme do Manuel de OLiveira!
Porquê???

O Bicho disse...

correcção: Manoel de Oliveira

Anónimo disse...

Do Manoel (esta do Manoel com Ó será para marcar as diferenças??) de Oliveira lembro-me de ter visto um grande filme: Aniki-bóbó, dos mais recentes não vi nenhum, porque um dos últimos dele que (nâo) vi também não vi, porque adormeci!

Mas parece-me que só meia dúzia de camelos é que gostam dos filmes do ManOel!

Seve

Anónimo disse...

Obviamente que esta dos camelos tá fora do contexto; o homem até deve ter filmes bons, por exemplo eu (camelo me confesso)gostei muito, como já referi, do Aniki-bóbó
Seve