sábado, maio 24, 2008

Tourada

Música de Fernando Tordo
Letra de Ary dos Santos

O autor pede desculpa aos (muitos) vigaristas que ficaram esquecidos!

Exmo. Sr. Prof. Cavaco Silva
Presidente da República Portuguesa
Excelência

José Maria de Jesus Martins, cidadão português, advogado, com domicilio profissional na Av. Defensores de Chaves, 15, 3º A,1000-109 Lisboa, toma a liberdade de junto de V. Ex.ª manifestar o seguinte:
O jornal “Diário Económico”, edição de hoje dia 29 de Abril de 2008, noticia, na primeira página, o seguinte:
“Estónia e Eslováquia vão ser mais ricos que Portugal”. “A economia portuguesa vai crescer menos em 2008 e 2009. Mesmo assim estará melhor que a média da Zona Euro mas perde na União Europeia a vinte e sete”.
Como V. Ex.ª sabe, até porque tem obrigação de saber, Portugal definha.
Hoje Portugal na União Europeia vai sendo ultrapassado por todos os Estados Membros.
Em Portugal já há fome. As políticas de emprego são ineficazes. Os portugueses vivem cada vez mais nas margens dos melhores padrões de vida da UE.
O Governo Português está a levar Portugal para a miséria, para a vergonha de sermos piores que todos os outros.
Antes, nas décadas de 1960, 1970 e até 1985 os motivos indicados para o declínio de Portugal eram a ditadura, o fascismo.
Hoje, Portugal recebe todos os dias milhões de euros de ajudas da UE e milhões de euros vindos dos emigrantes.
Portugal emagrece, os portugueses já não têm um sistema de saúde que os proteja, emprego não há, as malas de cartão voltaram em força.
A emigração é a grande válvula de escape para o Governo afirmar que há menos desemprego, quando afinal o que se passa é que os portugueses que perderam o emprego nas fábricas emigram, os portugueses que embora possuam uma licenciatura emigram, porque não têm meios de vida.
Onde e como foram aplicadas as ajudas da União Europeia?
Senhor Presidente, V. Ex.ª não pode desconhecer que na União Europeia Portugal caminha a passos largos para ser o último. E o último no que respeita aos índices de crescimento, à criação de emprego, aos padrões de nível de vida.
O Interior está cada vez mais desertificado. O Interior vai ficar sem os mais velhos porque nem estes já têm estruturas de saúde para os apoiar na velhice.
A classe política tem delapidado Portugal.
V. Ex.ª não pode fechar os olhos a esta realidade.
Não temos Forças Armadas condignas. Andamos a enviar meia dúzia de homens para a “cooperação” humanitária, sem meios e poder de fogo, o que nos avilta, nos enfraquece.
V. Ex.ª sabe que os portugueses estão desesperados. Famintos, sem norte.
Meia dúzia vive à tripa forra, manobram as riquezas nacionais. O resto vive à rasca passando mal e sentindo que Portugal vai a caminho do fim, sem influência no estrangeiro, sem rumo e sem norte.
A Lei de Gresham* é também para ser aplicada aos membros do Partido Socialista e não só a Santana Lopes.
Portugal não precisa de um monarca, porque é uma República. V. Ex.ª tem de tomar posição.
A resposta do Governo Português à noticia que a Estónia e a Eslováquia vão ser mais ricos que Portugal, nada mais é que a materialização da anedota que se conta da atitude e comportamento português cada vez que um individuo cai de um prédio:
“Parte o braço direito, a perna esquerda e a perna direita, fractura o crânio e a bacia, e se diz”: Coitado, ainda teve sorte que não partiu o braço esquerdo!”
Quo Vadis Portugal?
Qual o Político Português que tem cara para junto dos órgãos da União Europeia justificar esta miséria?
V. Ex.ª deve ponderar qual a intervenção que deve ter. E intervenção junto do Governo. O PR não pode calar. Ou então não tem razão de ser.
Não tarda que Cabo Verde, o Zimbabué, o Burundi, o Mali, O Senegal, o Equador, O Peru, “inter alia”, tenham melhores níveis de vida que Portugal.
V. Ex.ª deve ponderar bem qual o papel do Presidente da República nesta conjuntura. Algo tem de ser feito.
Esta miséria não tem justificação. Só a corrupção, o tráfico de influências, o corporativismo, a incompetência dos políticos pode justificar esta situação inqualificável, inadmissível.
Portugal está muito doente.
Os portugueses não compreendem o seu silêncio sobre esta realidade. Um Presidente da República há-de servir para algo. E os portugueses não sentem que sirva para os ajudar.
Cabe lembrar que em 1979 em artigo publicado, da minha autoria, no jornal “Notícias de Évora” defendi que a Estónia, a Letónia e a Lituânia, deveriam sair do jugo soviético.
Estes países hoje são mais desenvolvidos que Portugal!
Portugal caminha para graves convulsões sociais. Vamos sem rumo, sem vergonha, dando um péssimo exemplo ao Mundo.
Nem com “toneladas” de euros que a União Europeia nos envia Portugal cresce. Inqualificável!
Creia, Senhor Presidente da República, que tenho para mim que o PR deveria ter tido outra posição quanto à questão da Universidade Independente e a tudo o que a envolve, e não a posição que teve.
Digo-o, ao abrigo direito de livre opinião e expressão que a Convenção Europeia dos Direitos do Homem me consagra.
Espero de V. Ex.ª uma atitude, como esperam os portugueses, os jovens da geração dos “500 euros” e os outros que já sentem vergonha deste estado de coisas.
Com os meus respeitosos cumprimentos.
O cidadão Português
José Maria de Jesus Martins

Texto enviado por e-mail.

*Lei de Gresham:
A origem desta lei é atribuída a Sir Thomas Gresham, conselheiro financeiro da rainha Isabel I de Inglaterra. A Lei de Gresham preconiza a ocorrência de um efeito específico sempre que a massa monetária de uma determinada economia é composta por mais do que uma espécie de moeda, embora com o mesmo poder liberatório. Nesse contexto, as características percebidas pelos agentes económicos relativamente às diferentes espécies são diferentes, pelo que passam a ser classificadas como espécies "boas" (as que têm as características consideradas melhores) e “más” (em desvantagem face às melhores).
Num contexto destes, a Lei de Gresham prevê a ocorrência de um fenómeno de conservação por parte dos agentes da moeda “boa”, enquanto que a moeda “má” é utilizada para efectuar os pagamentos. Assim, a moeda dita "má" acaba por expulsar da circulação a moeda dita “boa”, que os agentes têm tendência a manter em seu poder.
A Lei de Gresham foi já utilizada em várias situações e contextos, sendo a mais conhecida e directa a que está associada ao bimetalismo. O bimetalismo corresponde genericamente a um padrão monetário (valor ou matéria adoptados como base do sistema monetário nacional ou internacional a partir do qual são definidos todos os outros tipos de moeda, designadamente as unidades monetárias) com base em dois metais, ouro e prata, que desempenham esse papel de padrão em concorrência. Mais concretamente, este sistema, utilizado sobretudo durante o século XIX, pressupõe: a cunhagem livre de ouro e prata de acordo com as dotações apresentadas pelos particulares; o estabelecimento de uma relação fixa entre os valores de ouro e prata; o reconhecimento de poder liberatório ilimitado tanto ao ouro como à prata.
Em algumas das experiências de bimetalismo verificou-se a ocorrência de desvios derivados de alterações ao nível da oferta de um dos metais. Assim, em situações em que foi descoberta, por exemplo, uma nova mina de ouro, este afluiu em quantidades maiores aos mercados, pelo que se depreciou face à prata. A essa depreciação não correspondeu no entanto a alteração da taxa de conversão entre ouro e prata, pelo que os agentes passaram naturalmente a reter prata e a utilizar ouro para as transacções. Nesse caso concreto, a moeda “má” (ouro) expulsou a moeda “boa” (prata) de circulação, num caso típico de verificação da Lei de Gresham.

Lei de Gresham. In Diciopédia X [DVD-ROM]. Porto: Porto Editora, 2006. ISBN: 978-972-0-65262-1

2 comentários:

Anónimo disse...

ISTO SÓ VAI À PORRADA!
XL

Anónimo disse...

Cada vez mais me orgulho do que eleva o nosso pais pela qualidade Não me esqueço daquele toiro do ganadeiro Pinto Barreiros. Elevou a nossa bandeira mais alto pela sua bravura.
Viva o Ribatejo!