Os coronéis vão receber 157 euros brutos por mês em 2010 com "a valorização" do Subsídio da Condição Militar (SCM) para 20% do seu salário-base, menos quase 100 euros do que os "250 euros" anunciados quinta-feira pelo ministro da Defesa.
Segundo os valores arredondados da proposta do Ministério da Defesa, a que o DN teve acesso e que circulam entre oficiais das Forças Armadas um coronel no primeiro escalão receberá mais 157 euros mensais em 2010, um sargento-mor mais 102 euros, um primeiro-sargento mais 71 euros e um soldado mais 47 euros.
Aqueles quatro postos serviram como exemplo "da valorização" do SCM - sem as actualizações salariais que ocorrerão em 2010 - dado pelo ministro Nuno Severiano Teixeira, na conferência de imprensa em que surgiu acompanhado pelos quatro chefes militares. Para o Ministério, o aumento do SCM iria representar "mais 250 euros mensais para um coronel, 163 euros para um sargento-mor, 155 euros para um primeiro-sargento e 47 euros para um soldado".
"Alguém enganou o ministro ou o ministro deixou-se enganar", declarou ontem ao DN o secretário da Associação dos Oficiais das Forças Armadas (AOFA), coronel Tasso de Figueiredo. "Pelas contas feitas, de forma grosseira e elementar, dá para perceber que era impossível chegar àqueles valores" avançados por Nuno Severiano Teixeira - e "rigorosamente muito inferiores ao aumento do SCM", acrescentou aquele oficial superior.
Recorde-se que Severiano Teixeira estimou em 34 milhões de euros o impacto na despesa pública ao longo dos próximos dois anos como resultado do acréscimo do SCM - o qual não ocorria desde 1999.
No caso dos coronéis, mesmo um militar dessa patente no último escalão (correspondente ao nível 55 da grelha remuneratória que entra em vigor a 01 de Janeiro de 2009) só receberá mais 176 euros mensais em 2010 do que agora - ainda "sem o IVA", frisou uma das fontes. No caso dos sargentos-mores, o último escalão (nível 32) dará mais 112 euros/mês, nos primeiros-sargentos (nível 20) mais 78 euros/mês e, nos soldados (nível 4), 33 euros mensais.
A discrepância - mais uma na área da Defesa, segundo a longa memória dos militares - entre o anunciado por Severiano Teixeira e os dados efectivos tem gerado nova onda de críticas, a exemplo do que sucedeu quando a tutela disse desconhecer (no final de Outubro) o mal-estar existente nas fileiras.
A exemplo dessa altura, assinalaram diferentes fontes, o poder político deixou novamente os quatro chefes numa posição delicada perante os subordinados. Contudo, a presença das chefias na cerimónia de quinta-feira foi vista por algumas fontes como uma forma de o ministro "dar a entender que a medida não resultou da pressão da rua", assim "salvando a face das instituições".
Manuel Carlos Freire, Diário de Notícias, 7 de Dezembro de 2008
2 comentários:
Iiiiiiiiiiiiiiiiiiii
As contas dos governos são sempre assim.
E às vezes, 2+2 = 22!
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