sexta-feira, novembro 28, 2008

MATEMÁTICA EM PORTUGAL


Relato de uma professora de matemática


Na semana passada comprei um produto que custou 1,58€.Dei à menina no balcão 2,00€ e peguei na minha bolsa 8 cêntimos, para evitar receber ainda mais moedas.A empregada de balcão pegou no dinheiro e ficou a olhar para a máquina registadora, aparentemente sem saber o que fazer.Tentei explicar que ela tinha que me dar 50 cêntimos de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la.Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.

Por que estou a contar isto?Porque me dei conta da evolução do ensino da matemática desde 1950, que foi assim:

1. Ensino da matemática em 1950:Um cortador de lenha vende um carro de lenha por €100,00.O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda.Qual é o lucro?

2. Ensino de matemática em 1970:Um cortador de lenha vende um carro de lenha por €100,00.O custo de produção desse carro de lenha é igual a 4/5 do preço de venda ou €80,00.Qual é o lucro?

3. Ensino de matemática em 1980:Um cortador de lenha vende um carro de lenha por €100,00.O custo de produção desse carro de lenha é € 80,00.Qual é o lucro?

4. Ensino de matemática em 1990:Um cortador de lenha vende um carro de lenha por € 100,00.O custo de produção desse carro de lenha é €80,00.Escolha a resposta certa, que indica o lucro:( )€ 20,00 ( )€40,00 ( )€60,00 ( )€80,00 ( )€100,00

5. Ensino de matemática em 2000:Um cortador de lenha vende um carro de lenha por € 100,00.O custo de produção desse carro de lenha é € 80,00.O lucro é de € 20,00.Está certo?SIM ( ) NÃO ( )

6. Ensino de matemática em 2008:Um cortador de lenha vende um carro de lenha por €100,00.O custo de produção é € 80,00. Se você souber ler coloque um X no € 20,00.

( )€ 20,00 ( )€40,00 ( )€60,00 ( )€80,00 ( )€100,00


COMENTÁRIO: é mesmo isto que se passa nas escolas!!! Os nossos filhos estão a ser transformados em "cordeiros" mansos. Ignorantes!!! Os filhinhos da trupe política andam no PRIVADO e salvaguardam o seu futuro. E os nossos???
- Agora dizem que é anti-pedagógico obrigar a decorar...
Logo, não sabem a tabuada.
- Usam máquina de calcular desde o 1º ciclo (primária)...
Logo, não sabem a tabuada.

3 comentários:

Anónimo disse...

1.1. O ensino tradicional dos anos 40 e 50
Em termos de ensino, os anos 40 e 50 são marcados pela memorização e mecanização. É preciso saber de cor demonstrações de teoremas geométricos e praticar listas infindáveis de exercícios segundo o paradigma do tristemente célebre Palma Fernandes. No entanto, os resultados deste ensino não eram propriamente brilhantes. Temos disso vários testemunhos. Por exemplo, Maria Teodora Alves (1947), publicou na Gazeta de Matemática um estudo sobre a competência em cálculo numérico dos alunos do 2º ano do liceu (actual 6º ano de escolaridade). O estudo teve por base um teste com 50 questões distribuídas por 9 grupos. Por exemplo, duas das questões eram:
(9) 2 – 3 – 4 + 7
(10) 9 – 2 + 5 - 4
No conjunto destas duas questões, que não se podem considerar especialmente difíceis, as respostas erradas foram de 76,75%. A autora conclui que os alunos revelam “graves deficiências” (p. 16) na técnica de cálculo.

Num outro trabalho, realizado alguns anos mais tarde, publicado nos Cadernos de Psicologia e Pedagogia (1958), verifica-se que a disciplina de Matemática é a que apresenta o maior número de notas negativas (34% no 2º ciclo do liceu, um pouco mais no 1º ciclo), sendo seguida de perto pelo Português (ver Ponte, Matos e Abrantes, 1998). É curioso comparar estes resultados com os que têm na actualidade os alunos do 9º ano. Segundo o relatório Matemática 2001 (APM, 1998), em 1992/93 e 1994/95, na região de Lisboa, no fim do ano, a percentagem de alunos com nível inferior a 3 ou desistentes é de… 34%. É claro que os níveis de exigência podem ser diferentes, mas o facto é que as percentagens de “insucesso” não podiam ser mais semelhantes…
Cada época valoriza diferentes objectivos de aprendizagem dos alunos – que variam à medida que variam as grandes finalidades da educação. Não é a mesma coisa preparar elites para frequentar o ensino superior numa sociedade obscurantista e ditatorial ou proporcionar uma educação para todos visando o exercício da cidadania numa sociedade democrática. Mas será de ter presente que o discurso sobre os “maus” resultados dos alunos no ensino básico e secundário não é de hoje.
Ainda nos anos 40, num pequeno artigo de opinião, em que analisa o desempenho dos candidatos às provas de admissão à universidade, Bento Jesus Caraça (1943) afirma que muitos deles manifestam “certos hábitos e vícios de raciocínio (...) altamente perniciosos”, destacando erros persistentes em questões de Matemática elementar como operações aritméticas e cálculo de áreas e volumes.


Bento de Jesus Caraça é uma daquelas grandes figuras que vêem muito para além do seu tempo, identificando os grandes problemas e apontando os caminhos do futuro. Um aspecto onde isso se manifesta com clareza diz respeito ao uso das tecnologias no ensino da Matemática. Em contraste com as posições atávicas que continuam a ouvir-se ainda hoje, em pleno século XXI, diabolizando as novas tecnologias como promotoras da preguiça mental, é com uma visão positiva que Bento Caraça perspectiva o seu uso na escola no quadro de um ensino para todos:

http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/docs-pt/02-Ponte(CNE).pdf

xl

Kim disse...

Ensino de matemática em 29 de Novembro de 2008:
Um cortador de lenha vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção desse carro de lenha é € 80,00.Qual é o lucro?
O lucro? Sei lá! A mim não custou nada e tudo o que vier é lucro.
Bem "alembrado" Rui! As contas de "sumir" dos jovens de hoje fazem chorar as pedras da calçada, mas não são eles que têm culpa.

Anónimo disse...

Já Agora... O Lenhador passa Factura??? é que se passa e se os 100 € já são com iva, o gajo lucrou apenas foi uma dor de costas a cortar lenha.. Quem mama o parco Lucro é quem "manda" na Matematica em Portugal... :)

Feliz Natal e não comam muitas Amêndoas!!

Pantas