quarta-feira, março 30, 2011

INVOLUÇÃO


APAV registou mais de 13 mil casos de violência doméstica em 2010
28.03.11 por SAPO
Das 23 mil pessoas apoiadas pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) no ano passado, 82% foram vítimas de violência doméstica. São na sua maioria mulheres, entre os 26 e 45 anos, que sofrem maus tratos físicos e psicológicos continuados.

As estatísticas mais recentes da APAV mostram que o número de crimes de violência doméstica aumentou em relação a 2009. Por exemplo, o crime de ofensa sexual aumentou 41,4% e o crime de homicídio aumentou 42,8%.
As vítimas de violência doméstica representam mais de 13 mil dos quase 17 mil factos criminosos registados pela APAV em 2010. Dentro deste universo, destacam-se os maus tratos psicológicos (36,8%), os maus tratos físicos (30%) e a ameaça/coação (20,4%).
As relações familiares entre o autor do crime e a vítima são as situações mais comuns. Só entre cônjuge/companheiro assinalaram-se 48,5% dos registos. A relação entre a vítima e o autor do crime também pode ser de namorado ou ex-namorado, ex-companheiro ou ex-cônjuge.
87% das vítimas de crimes assinalados pela APAV são mulheres, com estado civil casado (39,6%) e com filhos (50,2%). O grau de ensino das vítimas distribui-se de forma “bastante equitativa”. “O nível de ensino superior apresenta valores ligeiramente acima dos restantes, com cerca de 6,6% do total de casos registados”, lê-se no relatório da APAV.
Em contraponto com a caracterização das vítimas, 81% dos autores dos crimes são do sexo masculino entre os 26 e os 45 anos de idade. 54,7% dos agressores são casados ou a viver em união de facto. 
A vitimação continuada é uma característica em 70% dos casos registados, sendo que 26% dos casos as agressões prolongam-se por mais de dois anos. A residência comum (56,1%) é o local do crime mais assinalado.  
De acordo com os dados da APAV, os distritos de residência das vítimas mais citados são Lisboa (17,8%), Porto (8,6%) e Faro (6,8%).  
COMENTÁRIOS

Maria Freitas
Eu fui vítima de violência doméstica psicológica durante 13 anos de casamento, tenho um filho de 9 anos. Depois de andar 2 anos a ver as mulheres as morrer, decidi que não ia ser capa do correio da manha. Em Dez 2010, fiz um saco de roupa para mim e outro para o meu filho, apresentei queixa na esquadra PSP e fui-me atribuído o Estatuto de Vitima e abandonei o lar. Andei 2 semanas fugida, tive de abandonar o meu serviço. No meio de tanta desgraçada tive a compreensão da entidade patronal. Mas escolhi viver não está a ser fácil, mas era muito pior o que eu vivia todos os dias.
Comentário enviado em 2011-03-30 às 10:49:52

Klara
O problema na violência conjugal é que não se actua nas causas mas apenas nos efeitos. A intervenção é meramente "remediativa", pois investe-se em casas de abrigo para acolher as mulheres e filhos vítimas, mas não se actua nos agressores. Além de não se fazer intervenção psicológica com estes, o sistema da justiça tb não funciona pois raramente são condenados. Assim as mulheres e os filhos é que têm de abandonar a casa, o emprego, a escola e todos os bens, o contacto com amigos e família, para se esconderem como se fossem eles os criminosos em casas abrigo. Eu não sei como é possível, os senhores políticos e os legisladores não verem tamanha contradição.
Comentário enviado em 2011-03-30 às 10:52:08

1 comentário:

Kim disse...

O grau de ensino das vítimas com nível de ensino superior apresenta valores ligeiramente acima dos restantes, porque se trata de pessoa bem mais esclarecidas, logo o risco é maior.
E não há estatísticas sobre a violência doméstica exercida sobre os homens?
Abraço Rui