“ Todos sabemos que o valor do Produto Interno Bruto representa o valor da riqueza que é criada em cada ano num país. Essa riqueza é repartida pelos diversos intervenientes no processo produtivo.
É repartida?
Eugénio Rosa, reputado economista ligado à CGTP, num estudo sobre a matéria, escreveu:
“ (…) Dados publicados pelo Banco de Portugal, em 1973, portanto no ano anterior à Revolução de Abril, [indicavam que] a parte do rendimento nacional que os trabalhadores portugueses recebiam sob a forma de "Ordenados e Salários " representava apenas 47,4% do Produto Interno Bruto. Em 1974, com a Revolução de Abril, essa parte subiu para 52,5%, tendo atingido em 1975 o maior valor de sempre, que foi 59% do PIB.
A partir deste ano, a parte que cabe aos trabalhadores começou a decrescer atingindo em 1995 apenas 35% do PIB segundo dados do Banco de Portugal, e, no ano 2002, menos de 37% segundo uma estimativa feita com base em dados do Banco de Portugal, portanto um valor bastante inferior ao que se verificava mesmo antes do 25 de Abril.
Por outro lado, o chamado "Excedente Bruto de Exploração", ou seja, os lucros brutos têm aumentado.
Em 1975, representava apenas 24,3% do Produto Interno Bruto, enquanto em 1995 já atingia os 39,8%, ou seja, um valor superior ao verificado mesmo antes de 25 de Abril – em 1973 representava 37,1% - como provam os dados publicados pelo Banco de Portugal.”
Em jeito de conclusão: riqueza em Portugal até há, porém está cada vez mais mal distribuída.
Números terríveis: 26% dos alentejanos vive em situação de pobreza. A média nacional é de 20%. Em 50 anos, a população caiu 1/3 (802 mil para 535 mil). Os idosos são 40% da população (214 mil). Some-se a isso que o Alentejo se converte, cada dia, em vilegiatura ou coutada de não alentejanos (muitos dos quais estrangeiros). Uma futura reserva com meia dúzia de originários para decorar?
Kim, o Alentejo que te mostraram é o do Roquete, o Alentejo dos alentejanos é outro. ”
XL 13/4/10 18:52