"Ordenados dignos
D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Pastoral Social, afirmou recentemente isto, repescado no Diário de Notícias:
“ O crescimento do ordenado mínimo é um passo essencial. Se cria alguns problemas a alguns, é a sua vez de os resolver, porque não é à custa do mínimo de dignidade que se ergue um verdadeiro desenvolvimento”.
Declaração oportuna, que não deve ser apenas o pensamento de um cristão, mas de todos os políticos, empresários e dirigentes de associações sociais que prezem minimamente a responsabilidade social. Porque, como vinca bem o bispo Azevedo, se alguns têm problemas em pagar salários dignos, o problema é desses alguns, e são eles que têm de o resolver. Como aqueles proprietários rurais ou empresários de outros tempos (e, infelizmente, ainda hoje, de outras paragens) que só conseguiam criar riqueza com a escravatura. Ou como os que mais recentemente só o conseguiam através da exploração do trabalho infantil.
Todos os partidos e associações de classe se deviam apressar a dar razão a D. Carlos Azevedo: os empresários que precisam da miséria dos trabalhadores para criarem riqueza pessoal, e assim contribuírem para o PIB nacional, não são precisos. Não interessa ter um país supostamente mais rico, e com empresários ricos, à custa da miséria da população. A CIP devia inspirar-se na Igreja para renovar o seu discurso. E até os socialistas poderiam tornar-se mais cristãos e menos liberais.
P.A."
Crónica de P.A. no jornal “SOL”, Edição n.º 170 de 11 de Dezembro de 2009, pp 26.
1 comentário:
O Mário está cheio de coragem. Bravo!
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